
Já faz algum tempo que tenho pensado sobre o que esse acidente me trouxe de sabedoria, mas acho que hoje está muito forte em mim que às vezes temos que contar nossos próprios testemunhos para nós mesmos de novo e de novo.
Essa foto foi tirada há algumas semanas porque eu já pensava no quanto estava sendo desafiador ficar com a mobilidade reduzida e acho que aqui comecei a entender que era o momento de desacelerar e a pedir ajuda. O que é muito difícil para alguém independente.
Mas hoje tudo isso bateu com força. Mesmo eu estando já sem muletas e sem a bota, hoje foi a primeira vez que me senti impotente. E tudo isso por causa de um gata, mas não qualquer gata, a minha gata.
Minha Lolinha precisa fazer um exame de urina e quero evitar a cistocentese por causa dos riscos que ela corre, e tenho muito medo dela morrer por causa desse exame. Com o pé machucado tive que esperar semanas até conseguir comprar a areia hidrofóbica para poder fazermos a coleta. Mas a mocinha passou o dia inteiro sendo enchida de água e sachê e mesmo assim se recusou de todas as formas de fazer xixi na areia.
Eu pude ver que ela já não aguentava mais, tava chorando e a barriguinha cheia, fora que já estava chegando a hora do laboratório fechar então cedi e deixei ela usar a caixa de areia normal, com um pedido enorme de desculpas.
A Lola não é peculiar já que, como todo gato, não suporta mudanças. Então acho que é por isso que ela não usou a areia (que foi incrivelmente cara) e também não me deixou coletar direto com o copinho.
Hoje passei o dia nessa função, e me encontrei com fome (porque não consegui comer), com frio, com dor no tornozelo (por ter abusado demais), sem ter conseguido voltar para a academia e comendo porcaria para aplacar toda a frustração.
Hoje foi o primeiro dia que me senti impotente e não sei bem o que fazer com esse sentimento. Então comi ele (minha psicóloga e a minha nutricionista não ficarão felizes com isso, mas enfim).
A Lolinha não tem culpa de nada e eu faria tudo isso mil vezes mais se fosse necessário, sem reclamar. A minha tristeza e frustração recai apenas sobre mim, sobre ser incapaz de coletar a urina da minha gata para fazer exames. É sobre a minha preocupação com ela mas também sobre amor.
O amor que eu sinto por ela e o amor que Deus sente por mim. Sim, porque eu sei que, apesar de tristeza, a alegria vem pela manhã e o Seu amor dura para sempre, independente das circunstâncias. Então vou me lembrar disso toda vez que a derrota quiser passar pela minha cabeça.
Qual foi a coisa mais louca que você fez pelos seus gatos?

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