Livro: Tudo é rio
Autora: Carla Madeira
Ano de lançamento: 2014
Classificação: 2/5 ⭐
Gênero: drama
Páginas: 209

Puta. É assim que começa o livro e como me senti lendo cada uma de suas páginas. Com puro nojo. Sim, o livro é perturbador.

Acompanhamos nele a história de algumas pessoas mas com foco na Lucy, uma prostituta que, como diz em suas próprias palavras, é extremamente feliz com sua profissão. Afinal, quer mais alegria do que “uma puta que gosta de dar?” (frase do livro).

Seus pais faziam tudo o que ela queria e com isso, quando passaram dessa pra melhor, ela se tornou uma pessoa insuportável que não aceitava não como resposta, mesmo sendo criada pela tia que tentava lhe impor limites.

Nessa palhaçada ela não desistiu até ter Venancio, o único homem da cidade que se recusava em cair nos seus encantos. Só que Venâncio é um cara totalmente perturbado, que após matar o filho faz da vida da sua esposa um verdadeiro inferno.

Dalva, a esposa, é um mulher omissa e, mesmo tendo tudo para curar a si mesma e aos que estão ao seu redor, escolheu ser a vítima da própria história.

É esse o tom do livro. Traição, prostitutas que são abençoadas por serem salvadoras da cidade, mulheres tradicionais que são retratadas como amargas e homens como fracotes e coitados por não resistirem a um rabo de saia.

O livro tem sim movimento, mas inverte valores e blasfema tanto que foi difícil engolir. De forma que temas tão importantes e fora da bolha social que deveriam ser levados a sério se tornaram apenas desprezo, nojo e repudio.

Não recomendo de forma alguma, pra mim, um dos piores livros que li na vida.

Abaixo os detalhea que me marcaram (e não de forma positiva):

CONTÉM SPOILER

• A cena em que Venâncio atira o filho recém nascido na parede e espanca a mulher recém parida porque sente ciúmes vendo ele mamar. (Sim, o livro tem esse tom).
• Quando a tia Dalva pega a Lucy no flagra fazendo sexo oral no seu tio e, ao invés de sentir vergonha ou qualquer coisa do tipo, os dois fingem naturalidade e o tio de Lucy ainda diz que nunca perdoaria a esposa por não oferecer aquilo que Lucy estava dando.
• A forma com que dizem que as prostitutas são abençoadas por Deus por darem tanto dinheiro na igreja (como se tudo fosse apenas dinheiro).
• Como retratam Deus no livro tirando todo o seu poder e autoridade.
• Por último mas não menos importante, o início do livro que é um poema chulo e mostra a quê o livro vem, já que as palavras são todas moedas de troca no mundo espiritual. Talvez esse seja o primeiro sinal.

Ela me perguntou o quanto eu a amava.
Reuni em vidro todos os humores vertidos:
sangue, sêmen e lágrimas.
Amo você tantos rios.

Me conta, você já leu o livro?