A minha adolescência foi marcada pelas músicas do Fresno, e é claro que eu continuo ouvindo até hoje, mas com bem menos frequência. As músicas são profundas quando você sente demais e tem algumas que são muito importantes para mim como Duas Lágrimas (a primeira que ouvi), Impossibilidades (a que eu mais gostava) e Quebre as Correntes (a que eu mais amo até hoje), e é sobre ela que vamos falar hoje.
Apesar da música te levar a respirar fundo e seguir em frente, tem uma parte dela que me acompanha em dias mais tristes e nublados:
“E o que fazer quando até mesmo você chega a duvidar, que ainda existe alguma chance de virar o jogo pra você?”
Nem sempre falamos sobre essa parte do processo em que a gente cansa, e apesar de não dar para romantizar isso, é um fato de que esse momento vai chegar e também vai passar.
Não é um momento para desistir mas essa é a vontade. Você vê o quanto tem batalhado, semeado boas sementes, tem buscado dar o seu melhor a todo momento, está correndo atrás dos seus sonhos com todas as suas forças, cuidando de todas as áreas da sua vida e chega no final do dia e você não sabe se está sobrecarregada, com depressão, cansada ou apenas frustrada.
Frustrada de ver que não está tendo resultados, ou então de que os resultados que está tendo não são nem de longe na proporção que deveria receber, e aí você se pergunta: será que eu estou no caminho certo? Será que vale a pena?
Porque esse é o momento em que não vale a pena. Esse é o momento em que você vê que o seu esforço está sendo gigante mas o retorno é tão pequeno que talvez se esforçar menos seja uma possibilidade, já que o resultado vai ser o mesmo.
Esse é o momento em que a mediocridade parece agradável, que viver na linha que divide os vencedores dos que apensar passam por esse plano, ou até mesmo abaixo, parece tentador. Talvez essas pessoas sejam mais felizes e completas. E a dor não está nisso.
A dor reside em saber que isso não é para você. Colocar altas expectativas vai levar a altos objetivos que vai te ajudar a deixar o seu legado no mundo, e esse legado não está escrito na mediocridade. Não há nada de errado em ser apenas uma pessoa comum, mas isso não é para você. E então é aí que a dor te avassala porque você sabe que uma vida mais tranquila e fácil não é para você, isso não faz parte do seu propósito e nem de quem você é.
Dói sonhar alto demais e a alma grita a cada momento que se doa mais do que pode para não obter resultados. É uma maratona, você contra você mesmo, e apesar dela exigir uma grande consistência você aprendeu a viver correndo em alta velocidade e vive assim há tantos anos que pensar em caminhar não é uma possibilidade. Não é uma possibilidade porque você sabe que se diminuir muito o ritmo não vai conseguir voltar.
O cansaço é tão grande que se você der uma simples parada não vai ter forças para voltar ao prumo, então precisa continuar correndo. Mesmo em meio ao choro, em meio à dor e com vontade de desistir, você continua correndo e às vezes nem mesmo sabe o motivo.
Durante todo esse momento você chega a duvidar de si mesmo, dos seus planos, da sua estratégia, do seu propósito e dos seus objetivos. Você duvida se realmente foi feito para algo grande, se não deveria se diminuir um pouco mais para se encaixar.
Talvez se você diminuir a velocidade, apenas um pouquinho, possa recuperar o fôlego. Essas ilhas de respiração são necessárias durante o processo. Ainda mais se você é asmática.
Como boa poeta, eu escrevo sobre mim em terceira pessoa porque sei que esse sentimento não é apenas meu, ele só está comigo nesse momento. Mas é assim que eu me sinto, duvidando de que ainda posso conseguir. Se vale a pena e se eu vou chegar lá. Não aprendi a ter metas pequenas, e a grande verdade é que eu não quero aprender, porque me diminuir não é mais uma opção.
Você já chegou a duvidar?


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